História do vestuário: pré história

06/09/2015

Antes de entrarmos na história do vestuário propriamente dita, é necessário que seja feita uma distinção entre moda e vestuário. Segundo o dicionário Aurélio, moda é “uso passageiro que regula, de acordo com o gosto do momento, a forma de viver, de se vestir, etc”. Ou seja, o vestuário de que vamos falar hoje não pode ser considerado moda, pois não se trata de algo efêmero e sim de trajes que existiram por muitos e muitos anos durante todo o período pré histórico.

O principal motivo para cobrir o corpo foi a necessidade de proteção do frio, seguido por outros motivos como hierarquia, diferenciação, ou seja, a necessidade da beleza e do enfeite, e pudor. Embora os métodos de pesquisas tenham avançado significativamente, ainda há lacunas em relação a pré-história na história do vestuário. Ainda não se pode dizer com certeza em que época e ambiente, determinado traje foi usado e qual o motivo. Porém, estima-se que aqueles que viviam em regiões temperadas eram mais propícios ao enfeite do que a roupagem em si.

Os objetos de adornos consistiam em peitorais, redes de cabeça, cintos, colares e braceletes que podiam ser feitos de conchas, pedras coloridas, vértebras de peixes ou garra de animais. Também eram utilizados o âmbar e o marfim trabalhados nos próprios locais. Esses objetos foram sepultados junto com os corpos, como podemos ver na imagem abaixo:


Sepultura de Téviec - França.

O primeiro material utilizado nas primeiras vestes foram as peles extraídas dos cavalos e das renas, costuradas com tendões de animais, enquanto que as agulhas eram feitas de marfim de mamute, ossos de renas e presas de leão marinho. Contudo, a pele precisava ser preparada para tornar-se maleável. A primeira tentativa de amaciar as peles foi feita através da mastigação, contudo, elas logo se tornavam secas e voltava-se à estaca zero. Foi apenas com o descobrimento do ácido tânico, proveniente do carvalho ou do salgueiro, que passaram a fazer uma solução onde a pele era mergulhada por algum tempo, que estas se tornaram permanentemente maleáveis.

Com a revolução neolítica que trouxe a fixação do homem ao solo, houve o surgimento dos primeiros teares derivados do avanço da cestaria. Uma vez que a mulher era encarregada da colheita e das cestas, passou a ser responsável pela tecelagem (há algumas exceções como no caso dos bosquímanos). Os tecidos primitivos eram feitos de linho, cânhamo e algodão e são reconhecidos pela sua dimensão reduzida, pois eram feitas pequenas unidades que posteriormente eram unidas por costuras.


Traje feminino e masculino encontrado em Egtved - Dinamarca.

As roupas encontradas em Egtved, na Dinamarca, são exemplos de trajes pré-históricos. O primeiro trata-se de uma roupagem feminina composta por blusa de lã e saia de cordões terminada em franjas. Há também uma espécie de cinto que possui um disco de metal como decoração. Já o masculino é apenas uma túnica retangular presa pelos ombros. Esses achados quando associados a outras descobertas nos levam a crer que as mulheres geralmente vestiam batas, saias, cintos, calçados e toucados ou fitas nos cabelos. Enquanto que os homens usavam mantos, túnicas, cintos, calçados e toucados. Os sapatos eram flexíveis e feitos de couro de bezerros.

Embora seja difícil de determinar as cores utilizadas na pré-história, não devemos supor que não havia cor, pois se olharmos para a história da arte veremos a variedade de corantes utilizados em suas pinturas. Sabemos que algumas cores eram extraídas de plantas como: mirtilos (lilás), resedá-amarelo e betônica (amarelo), armoles-vermelho (vermelho), bétula anã ou bagas de sabugueiro (azul). O mais curioso é que esta última, baga de sabugueiro, necessita da oxidação do ar para que a cor apareça, ou seja, mostra que os pré históricos possuíam conhecimentos avançados sobre corantes.

Referências:
LAVER, James. A Roupa e a Moda, uma história concisa. 14.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, 285 p.
BOUCHER, François. História do Vestuário no Ocidente. 1.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2012, 477 p.

1 comentários:

  1. Adorei, é muito bom viajar no passado e saber como eram as coisas.

    Beijos :*
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