História da arte: Pré história.

10/08/2015

Como concluímos na postagem anterior, a arte está presente desde a origem da humanidade e não existe povo sem arte. Não se pode dizer ao certo quando esta se originou, mas é fato que a necessidade da beleza sempre existiu, antes mesmo do pensamento lógico. Para verificarmos a veracidade desta afirmação basta olhar para tribos primitivas, que embora andem nus anseiam pela ornamentação de seu corpo.

No passado, a arte possuía uma função definida. O período paleolítico inicia-se a partir do momento que nossos ancestrais começaram a lapidar seus instrumentos naturais para formas mais adequadas ao uso, e as mais antigas obras de arte pertencem ao final desse período. Para entendermos as primeiras funções da arte, é necessário abdicarmos a nossa concepção de imagem e realidade e penetrarmos na mente desses povos. Ainda hoje, temos certa relutância a rasgar imagens e destruir retratos, pois de alguma forma temos a bizarra sensação que estaremos infringindo dor à pessoa retratada. É essa mesma ideia que os homens primitivos tinham de suas figuras, pois não havia distinção concreta entre a imagem e o real.

Essa falta de distinção fez com que os antigos usassem suas imagens como meio para “alterar” a realidade. O descobrimento de equipamentos utilizados para caçar os animais próximos às pinturas, somados com a falta de acesso à caverna, levam-nos a crer que era utilizado algum tipo de ritual mágico, onde se fazia a imagem da presa e a surravam com sua lança, garantindo, assim, êxitos nas suas caçadas. Outra hipótese, devido a perfeição do desenho e a riqueza de detalhes, era de que ali estava o início da magia venatória e a intenção não era abater, e sim criar animais. Os ritos eram feitos dentro do interior da terra, pois a consideravam um ser vivo de onde nasciam todas as coisas.


Caverna de Lascaux


Figuras sobrepostas na Caverna de Lascaux.

Para fazer essas imagens eles utilizavam os relevos e as protuberâncias das paredes das rochas, pois um caçador preocupado com a caça poderia facilmente enxergar a forma do animal ali, da mesma forma que enxergamos desenhos em nuvens. No início apenas acentuavam os relevos com carvão, até que aprenderam a fazer os desenhos sem qualquer ajuda.


Cavalo na caverna de Lascaux.


Animais na Caverna de Altamira.

Além das pinturas, há também registros de pequenas esculturas de osso, chifre ou pedra talhadas com instrumento de sílex. Uma dessas gravuras é a “Vênus de Willendorf”, uma estátua feminina da fecundidade que apresenta quadril largo, seios fartos e formas arredondadas.


Vênus de Willendorf.

Por volta de 8000 a.C, com o fim do período paleolítico houve a ascensão da revolução neolítica no Oriente Médio. Essa revolução consiste na domesticação de animais, cultivo de cevada e o abandono da vida nômade que levou o homem a fixar-se ao solo, em aldeias e produzir seu próprio alimento. Esse estilo de vida permitiu que atividades artesanais como cerâmica, fiação, tecelagem e algumas noções básicas de construções em madeira, tijolo e pedra fossem possíveis.

No neolítico foram encontradas as primeiras pinturas em superfície artificial em Çatal Hüyük e, embora estas nos lembrem o paleolítico, o foco ritualístico é a honra e a divindade masculina representados pelo touro e pelo veado, do que atividades voltadas para a sobrevivência. As casas nesse povoado eram feitas em madeiras e agrupadas em pátios abertos localizados próximos a santuários.

A revolução neolítica fez do oriente o berço das civilizações, enquanto a Europa progrediu muito lentamente. Alguns povoados mantiveram-se na vida tribal até alguns séculos antes do nascimento de Cristo. São estes povoados responsáveis pelos monumentos chamados megalíticos, ou seja, formado de enormes blocos ou lajes de pedras, erguidos ou sobrepostos sem argamassa utilizados para fins religiosos.


Monumento Stonehenge.

O monumento mais conhecido é o Stonehenge, no sul da Inglaterra, composto por um enorme círculo de pedras erguidas em intervalos regulares, que sustentam traves horizontais, rodeando outros dois círculos interiores. No centro há um altar e o conjunto é voltado para o horizonte em direção ao sol no solstício de verão, ou seja, trata-se de um culto solar.

Referências:
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. 1.ed. Círculo do Livro, 1972. 506 p.
JANSON, H.W. História Geral da Arte, o mundo antigo e a idade média. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 523 p.

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